MARÇO DE CELEBRAÇÕES # ANTONIO CABRAL FILHO – RJ

MULHER INFINITA
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
VARAL DO BRASIL Nº28 MARÇO 2014
 
 
AQUI, eu fui incluído pela EDITORA JACQUELINE AISENMAN  com um conjunto de trovas homenageando a Escritora mineira NATÉRCIA SILVA VILLEFORT COSTA, também advogada e servidora pública da ALEMG, aposentada.
*
CENTENÁRIO DE CAROLINA MARIA DE JESUS
*
Para CAROLINA MARIA DE JESUS
 eu compus uma série de trovas, e abordo a psicologia de CAROLINA, sua mineirice, suas desconfianças, seu modo arredio com o mundo, pois como descendente de escravos, que também sou, não é possível se deixar “levar” por nada nem por ninguém. Daí, ela ter sido mulher solteira, como sua mãe e, até onde dá para perceber por seus diários, seu avô materno também tinha coração nômade.
*
CAROLINA MARIA DE JESUS EM TROVAS
HOMENAGEM AO SEU CENTENÁRIO
1
Carolina, de nascença,
é Maria de Jesus,
sem saber qual a sentença,
carregou a sua cruz.
2
De nascença, foi bastarda,
mas foi seu SÓCRATES NEGRO
quem mostrou-lhe quantas jardas
anda quem não paga arrego.
3
Muito cedo foi pra lida,
suar o sal do seu pão
e conhecer esta vida
nos palcos da exploração.
4
Primeiro, aturou madame,
aguentando humilhação,
mas viu tanta coisa infame,
que virou arribação.
5
Foi fazer do dia-a-dia
pelas vias da cidade
templo de filosofia,
sem implorar caridade.
6
Trabalhou de sol a sol,
como faz o garimpeiro,
mas a pepita maior
foi o seu berço primeiro.
7
Foi pessoa de respeito,
erguendo alto seu pejo,
guardou as mágoas do peito
no seu ” Quarto de despejo.”
8
Mas Carolina é Maria,
inspiração de Jesus;
a “Casa de Alvenaria”
veio aliviar a cruz.
9
Passou por muitos percalços,
mas nada sujou seu nome;
nem a força dos fracassos
nem os “Pedaços da Fome.”
10
Irradiou seus “Provérbios”
no “Diário de Catita”,
sem ligar a lei dos verbos
à lei da sua desdita.
11
Da Sacramento mineira
para a “Canindé paulista”,
Carolina foi guerreira
metendo a cara na pista.
12
Sempre foi mulher solteira,
mãe à suas próprias custas;
como não foi a primeira,
fez para si leis mais justas.
13
Carolina de Jesus,
Maria livre de laço,
foi livre porque faz jus
ao seu quatorze de março.
14
Carolina proletária,
Maria de Jesus é
também revolucionária
pelas letras de Tomé.
15
Carolina e Castro Alves
trazem bandeira no mastro:
Coincidem nos entraves
e no quatorze de março.
16
Mas Carolina é demais,
extraiu seu pão da rua
e quanto mais ela sua
mais crê naquilo que faz.
***
CASTRO ALVES
DIA NACIONAL DA POESIA.
**

CAROLINA MARIA DE JESUS EM TROVAS * ANTONIO CABRAL FILHO – RJ

CAROL

CAROLINA MARIA DE JESUS EM TROVAS
HOMENAGEM AO SEU CENTENÁRIO
1
Carolina, de nascença,
é Maria de Jesus,
sem saber qual a sentença,
carregou a sua cruz.
2
De nascença, foi bastarda,
mas foi seu SÓCRATES NEGRO
quem mostrou-lhe quantas jardas
anda quem não paga arrego.
3
Muito cedo foi pra lida,
suar o sal do seu pão
e conhecer esta vida
nos palcos da exploração.
4
Primeiro, aturou madame,
aguentando humilhação,
mas viu tanta coisa infame,
que virou arribação.
5
Foi fazer do dia-a-dia
pelas vias da cidade
templo de filosofia,
sem implorar caridade.
6
Trabalhou de sol a sol,
como faz o garimpeiro,
mas a pepita maior
foi o seu berço primeiro.
7
Foi pessoa de respeito,
erguendo alto seu pejo,
guardou as mágoas do peito
no seu ” Quarto de despejo.”
8
Mas Carolina é Maria,
inspiração de Jesus;
a “Casa de Alvenaria”
veio aliviar a cruz.
9
Passou por muitos percalços,
mas nada sujou seu nome;
nem a força dos fracassos
nem os “Pedaços da Fome.”
10
Irradiou seus “Provérbios”
no “Diário de Catita”,
sem ligar a lei dos verbos
à lei da sua desdita.
11
Da Sacramento mineira
para a “Canindé paulista”,
Carolina foi guerreira
metendo a cara na pista.
12
Sempre foi mulher solteira,
mãe à suas próprias custas;
como não foi a primeira,
fez para si leis mais justas.
13
Carolina de Jesus,
Maria livre de laço,
foi livre porque faz jus
ao seu quatorze de março.
14
Carolina proletária,
Maria de Jesus é
também revolucionária
pelas letras de Tomé.
15
Mas Carolina é demais,
extraiu seu pão da rua
e quanto mais ela sua
mais crê naquilo que faz.
***

Mitologia Machu Pichu * Antonio Cabral Filho – RJ

*
Anoitece em Machu Pichu 
e a cortina do dia
revela os contornos da noite,
povoada de traços Incas.
Anjos de arco e flecha
montam guarda,
zelam a paz do Império.
 
Meu cobertor contém magias,
mistérios além dos tempos,
mas o frio deste Andes
assusta minhas orelhas
e talvez por isso
ouça histórias de ninar,
som de maviosa flauta
possuindo este recinto,
 
que não é quarto
nem sala nem varanda,
apenas uma tenda;
e a voz de Vovó Chiquinha
diz pr’eu dormir meu soninho
que o Pavão Misterioso
vai levar-me num passeio
com a princesa dos meus sonhos…
– Assim, eu sou obrigado a dormir!
*

EGRESSO DE PASÁRGADA * Antonio Cabral Filho

575055prestesPra quem quer ir pra Pasárgada

por ser amigo do rei

e ter a mulher que quer

só pra se sentir feliz

levar a vida em aventuras

fazer ginástica

andar de bicicleta

montar em burro brabo

subir em pau-de-sebo

tomar banho de mar

deitar à beira do rio

e mandar vir a Mãe D’água

pra lhe contar “estórias”

que nos tempos de menino

a empregadinha lhe contava,

tem mesmo que ser Mané !

Pra quem quer ter tudo isso

em outra civilização

e ainda procura um jeito seguro

de impedir a concepção

com telefone celular

jetski à vontade

e mulherzinhas de aluguel

pra se abusar a bel-prazer,

não tem mesmo é Bandeira.

E quando se sente bem triste

triste a ponto de morrer

e lá no fundo da noite

deseja se suicidar

e súbito se sente salvo

por ser amigo do rei

ter as mulheres que quer

nas camas que bem entender,

não tem Pasárgada que agüente:

Vai direto mesmo é pro D’aime !!

* Obs.: Egresso de Pasárgada, está publicado no livro POETAS 10engaVETADOS, coletânea que publiquei em companhia de mais nove poetas em 1997.